Revolta da Vacina

                                                  
                Nicolau Sevcenko
                        Filippi e Diego


Esse livro é sobre a Revolta da Vacina no Brasil
Gostei do assunto e é muito interessante sobre a revolta da vacinação no Brasil naquela época.No ano de 1904, estourou um movimento de caráter popular na cidade do Rio de Janeiro (capital do país). O motivo que desencadeou a revolta foi a campanha de vacinação obrigatória, imposta pelo governo federal, contra a varíola.





Base do movimento que culminou na proclamação da República, toda uma enorme gama de setores sociais urbanos, representada por trabalhadores do serviço público, funcionários do Estado, profissionais autônomos, pequenos empresários, bacharéis desempregados e pela vasta multidão de locatários de imóveis, arruinados e desesperados, que viam o discurso estatizante, nacionalista, trabalhista e xenófobo doscadetescomo sua tábua de salvação.


O argumento do governo era de que a vacinação era de inegável e imprescindível interesse para a saúde pública. E não havia como duvidar dessa afirmação, visto existirem inúmeros focos endêmicos da varíola no Brasil, o maior deles justamente na cidade do Rio de Janeiro.


Em 5 de novembro de 1904, foi criada a Liga contra a Vacina Obrigatória, como reação à medida aprovada em 31 de outubro. Uma dentre muitas que se disseminaram na imprensa carioca, a charge ao lado mostra o senador Lauro Sodré e o personagem popular “Zé Povinho”contra o sanitarista Osvaldo Cruz e o presidente Rodrigues Alves.


Sua importância para os amotinados provinha de a Liga significar, naquele momento de irresolução, um núcleo aglutinador de energias e decisões práticas. Os líderes da Liga perceberam isso com clareza e procuraram lançar temerariamente a multidão na ação insurrecional, por meio de discursos inflamados que pretendiam levar o movimento às últimasconsequências. Mas, uma vez precipitada a avalanche, a Liga perderia completamente qualquer meio de controle sobre a revolta que ajudara a desencadear.


MAS OS TUMULTOS INICIAVAM-SE AINDA MAIS CEDO, E COM UM caráter ainda mais alarmante; naquele dia de repouso, domingo, dia 12, às 14 horas, estava literalmente tomada, pela multidão exaltada, a praça Tiradentes. Em vão, tentavam as autoridades e as patrulhasconvencê-la de que deveria dispersar. É que estava anunciada para aquela hora, no gabinete do ministro da Justiça, uma reunião da comissão incumbida de assentar nas bases o regulamento da vacina obrigatória.


O Comércio do Brasil, ultra-agressivo e financiado pelos monarquistas, era o principal órgão de agitação do grupo conspirador.Os monarquistas, incentivando o conluio e mantendo a agitação antigovernamental na imprensa, esperavam herdar o poder como os únicos elementoscapazes de restaurar a ordem, uma vez estabelecido o caos pelo confronto entre as duas facções republicanas. Jogaram, por isso, tanta lenha quanto puderam na fogueira da agitação popular.


NAQUELA MESMA MADRUGADA EM QUE SE CONSUMAVA POR FORMA tão desastrosa o motim da praia Vermelha, já se reiniciavam, com dobrada violência, os choques sangrentos entre a turba agitada e oscontingentes da força policial e do Exército que por toda a parte se moviam em operações arriscadas. O tropel da cavalaria em cargas violentas e o fragor dos tiroteios iam-se tornando familiares ao ouvido. O mesmo espetáculo desolador do sangue correndo, tombando seguidamente mortos e feridos. A força, que tentava aproximar-se dos vários redutos, recuava com frequência sob saraivadas de projetis de toda a natureza: balas, garrafas, latas vazias, pedras, pedaços de pau. Naquele dia uma nova arma entrava em ação, para aumentar ainda mais o terror dominante: começavam a explodir bombas de dinamite em vários pontos da cidade. Na Gávea, o numeroso operariado das fábricas de tecidos entrava a participar ativamente do motim, entregando-se à prática de toda a sorte de depredações


Charge da época retrata Horácio José da Silva, o Prata Preta, um dos líderes da resistência popular no morro da Saúde. Estivador e jogador de capoeira, atividade então proibida por lei, ele lutou até os últimos dias da Revolta da Vacina e, segundo a imprensa da época, foram necessárioscinco homens da polícia e do Exército para prendê-lo. Não se sabe que destino teve.


Desde a data do seu início, em 15 de novembro de 1902, o governo de Rodrigues Alves foi recebido com extrema frieza pela população do Rio de Janeiro. Ele representava inequivocamente a continuidade da administração anterior, do também paulista Campos Sales. E não nos esqueçamos da despedida estrepitosa que os habitantes da cidade lhe reservaram, quando ele passou suas funções ao sucessor


Convênio de Taubaté (1906), que definiu as políticas da alta artificial do câmbio e de financiamento da cafeicultura com recursos federais. Essas medidas trouxeram lucros prodigiosos aos fazendeiros paulistas, ao mesmo tempo que acarretaram o enfraquecimento e a estrangulação econômica do restante do país. Mas nem foi essa a principal iniciativa de Rodrigues Alves em favor dos interesses maiores de seusconfrades fazendeiros de São Paulo (de resto, ele nunca foi pessoalmente favorável aos termos do Convênio de Taubaté).


Mas as ruas da cidade ainda eram vielas coloniais, estreitas, tortuosas, escuras, com declives acentuadíssimos. O tráfego dos veículos que começavam a ser usados nessa atividade, como carroças, charretes e carrinhos de mão, se embaraçava nessa rede confusa de ruelas. Em suma, a cidade, com desenho e proporções coloniais, não era maiscompatível com a função de grande metrópole que a atividade febril do porto lhe impingira


Mas as ruas da cidade ainda eram vielas coloniais, estreitas, tortuosas, escuras, com declives acentuadíssimos. O tráfego dos veículos que começavam a ser usados nessa atividade, como carroças, charretes e carrinhos de mão, se embaraçava nessa rede confusa de ruelas. Em suma, a cidade, com desenho e proporções coloniais, não era maiscompatível com a função de grande metrópole que a atividade febril do porto lhe impingira.


Lauro Müller, ministro da Indústria, Viação e Obras Públicas, é atribuído o encargo de reforma do porto, com poderes e recursos discricionários. A lei orçamentária de 30 de dezembro de 1902 viria, de fato, dotar o Ministério da Viação de vultosos recursos destinados às obras de reestruturação e expansão do porto. Além de modernizar o cais já existente, havia o plano de alargar as instalações portuárias da Prainha, passando pela praia de São Cristóvão, até a ponta do Caju.


Rodrigues Alves lhe concedeu então carta branca por meio da lei de 29 de dezembro de 1902, que criava um novo estatuto de organização municipal para o Distrito Federal. A lei era equívoca, arbitrária e visivelmente anticonstitucional, atribuindo poderes tirânicos ao prefeito e retirando qualquer direito de defesa à comunidade.
Eis a avaliação que dela fez Afonso Arinos de Melo Franco (1868-1916)


Osvaldo Cruz impõe igualmente condições severas ao presidente, conforme nos relata o repórter do Jornal do Comércio, presente ao encontro decisivo dos dois personagens. Exige o médico: “Preciso de recursos e da mais completa independência de ação. O governo me dará tudo de que necessite, deixando-me livre na escolha de meus auxiliares, sem nenhuma interferência política”. Ato contínuo, Rodrigues Alves acata o requisito autoritário do cientista e o nomeia diretor-geral de Saúde Pública, com plenos poderes amparados pelo domínio federal.


O processo de reforma urbana foi saudado com entusiasmo pela imprensa conservadora, que a denominou de “Regeneração”. Essa era a voz dos beneficiários do replanejamento, aqueles que herdariam, para o seu impávido desfrute, um espaço amplo, controlado e elegante, onde antes não podiam circular senão com desconforto e sobressalto.


Jaime Larry Benchimol é bastante reveladora da sua extensão: Uma comissão nomeada pelo ministro da Justiça e do Interior em 1905, quando estavam em curso as obras de Pereira Passos, constatou que, até aquela data, a administração municipal e da Saúde Pública haviam demolido cerca de seiscentas habitaçõescoletivas e setecentascasas, privando de teto pelo menos 14 mil pessoas. Centenas de outras famílias foram desalojadas, desde então, e não só pelas demolições ostensivas da prefeitura ou do governo federal: a especulação com o solo, feita pelas companhias de bondes, de serviços públicos e de loteamentos, com o patrocínio dos poderes públicos; os novos impostos que acompanhavam o fornecimento de serviços como iluminação elétrica, calçamentos, esgotos; as posturas municipais estabelecendo normas arquitetônicas para asconstruções, proibindo o exercício de determinadas profissões, ou a criação de animais domésticos, indispensáveis para a subsistência alimentar dasclasses trabalhadoras – tudo isso atuava como poderosa força segregadora.


O cronista de um tabloide anarquista, O Libertário, comentava assim a inauguração da avenida Central, que o governo consagrou com uma festa estrepitosa e monumental: “É vicioso dizer ao operário consciente o que foi
o trabalho da grande artéria: uma miserável exploração do trabalhador inconsciente e passivo.


Eis a narrativa do que se fez no sítio de 1904.A polícia arrepanhava a torto e a direito pessoas que encontrava na rua.Recolhia-as às delegacias,depois juntava na Polícia Central.Aí,violentamente, humilhantemente,arrebatava-lhes os cós das calças e as empurrava num grande pátio.Juntadas que fossem algumas dezenas,remetia-as à Ilha das Cobras,onde eram surradas desapiedadamente. Eis o que foi o Terror do Alves;o do Floriano foi vermelho;o do Prudente,branco,e o Alves,incolor,ou antes,de tronco e bacalhau

As pobres mães choravam E gritavam por Jesus O culpado disso tudo É o dr.Osvaldo Cruz

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